segunda-feira, 4 de julho de 2016

Reedição Epiphone Wilshire '66 - Uma Ótima Surpresa!

Um barato de guitarra!


Há algum tempo atrás eu consegui comprar por um preço bem razoável esse modelo da Epiphone. Já tem tempo que ela me atrai, não só esteticamente, mas pelos captadores miniHB's e o alcance facilitado das casas mais altas da escala. Eu mesmo não sabia que a danada era, por exemplo, extremamente leve e ao mesmo tempo bem equilibrada.



Eu a comprei em São Paulo durante uma viagem a trabalho e já no hotel fiquei impressionado com ela ligada no app JamUp Pro do iPhone. Soava bem nos fones de ouvido, ainda que prejudicada por cordas oferecendo perigo de tétano pela idade avançada. Alguns "machucados" profundos davam a ela um relic bem forçado...rs. O "espelho" de metal de um dos knobs foi perdido. Mas nenhum desses problemas me foi escondido pelo vendedor, que na verdade me enviou fotos de cada detalhe dela. O braço é bem carnudo, quase desconfortável, mas se mantem no quase! Foi aí que já notei um fator negativo: o braço, apesar de massudo, apresenta certa facilidade de ser arqueado com a força da mão esquerda. Na verdade eu muitas vezes uso esse truque que apelidei de "chorus dinâmico" exercendo certa tensão sobre o braço para desafinar um pouquinho as cordas somando isso a um tanto de delay para criar um efeito de chorus ensemble bem mais interessante que as unidades de efeito dedicadas. Só que nessa guitarra qualquer pressão parece ser excessiva e desafina as cordas no momento em que é exercida. Isso é um a coisa que tenho que me policiar ao usar a Sra Wilshire




Os trastes parecem bem colocados e o tensor funciona bem. A ação das cordas me satisfaz totalmente! Bends tranquilos nas partes mais altas da escala. A sonoridade dos captadores já me agradou de cara, mas nunca se sabe se é possível melhorar isso... Mais adiante veremos como se desenrolou essa aventura! O hardware é genérico da Epiphone, o que não é ruim, mas também não é bom. Foi a primeira coisa que troquei, colocando uma ponte da Wilkinson e um StopTail de alumínio da GOTOH, já que os tinha aqui. As tarraxas são genéricas, mas tem bom desempenho e são do tipo moderninhas. As originais de 1966 tinham aquela cara de tarraxas Kluson com  pastilhas de plástico branco, como as da foto.

A minha tentação de trocá-las por questões estéticas é baixa, já que as moderninhas tem bom desempenho... Os knobs parecem os usados no mesmo período que inspirou essa reedição, 1966. Aliás, outro ponto negativo, mas nesse caso do próprio projeto da guitarra, o jack de saída da guitarra fica no meio do painel dos controles. Estou tentado, apesar de querer manter a estética vintage, a botar esse jack lá para depois dos controles. Nessa parte eletrônica não mudei muito, apenas coloquei um capacitor de 180pF de TrebleBleed no VOLUME e refiz a ligação do controle de TONE para 50's Wiring, isso apenas nos controles do captador do braço.




Pois que chegamos à aventura, por assim dizer, da experimentação de captadores... Como disse antes, a guitarra já soava bem, com certeza. Porém eu tinha uma ideia fixa sobre como deveria soar o captador do braço e esse que veio na própria não correspondia a essa minha "invencionice", um desejo meu que é quase uma crendice nessa possibilidade sonora...rs. Então, vou aproveitar esse espaço para lhes fazer uma pequena confissão: Eu sou doido pelo som do captador single da posição de braço nas Stratocasters vintage. Inclusive uma das razões mais fortes de eu ainda não possuir nenhuma guitarra com o Sustainer da Fernandes ou o Sistema da Sustainiac...rs. Pois quando eu pegava uma guitarra com humbucker de tamanho normal a sensação era de estar a milhares de anos luz dessa possibilidade sonora. Porém eu via alguns guitarristas conseguirem ter um som muito mais estalado, cheio de ataque , brilhante, muito articulado e nada entupido de médios ou simplesmente abafado e sem graça usando humbuckers antigos em suas bursts milionárias... Com o tempo, a experimentação e a observação pude chegar a algo próximo com PAFs bem formulados e respeitando muito o ajuste de distância entre corda e captador pra achar o tal sweet spot. Foi aí que pensei que com mini-humbucker (baseado no que já havia lido e ouvido...)  poderia chegar a um resultado ainda melhor. Se bem que eu havia ouvido e e me entusiasmado muito mais com os mini-humbuckers das Firebird, que tem uma construção totalmente diferente destes outros originários das Les Paul's DeLuxe, com os quais esses da Epi Wilshire tem parentesco mais direto.

Assim me baseei numa experiência anterior: Eu há tempos havia colocado um miniHB da Gibson, desses que a própria Gibson vende por unidade separadamente, na posição também do braço em uma Fender Telecaster American Special com um resultado próximo ao que "inventei" na minha cabeça. Pois foi esse o primeiro candidato à cirurgia reparadora. E devo dizer que chegou perto, mas não tão perto... Assim, descartado como substituto e já recolocado em seu lugar de glória na Tele, partimos para a segunda tentativa de acerto: o GFS Fat MiniHB. 


Esse achei até mais interessante, um pouco mais aberto, mas ainda um pouco "carregado" demais de médios graves e acabava por não deixar aparecer tanto a mordida tão gostosa dessa posição... Enquanto o GFS aproveitava sua estadia na Wilshire resolvi abrir e ver como era feito esse captador original da Epiphone... Qual não foi minha surpresa ao constatar que o captador, além de bem montado, tinha mesmo as bobinas enroladas com Plain Enamel e a barra magnética era de Alnico, certamente, apesar de eu não saber qual... No mais uma quantidade insana de parafina. Tirei boa parte da parafina e usei uns pedacinhos de maple que tinha por aqui comprados na webstore da StewMac para usar como espaçadores e apoios em captadores estilo PAF. Recoloquei a capinha, soldei tudo no lugar e realmente, se foi apenas um efeito psicológico, não tenho condições de dizer ao certo, mas o bichinho voltou pra guitarra e fez o papel que esperava dele! Extremamente satisfeito e um pouco perplexo fiquei...


Fiz um clip rápido e despretensioso na loja GoldTop com o sempre luxuoso auxílio do meu amigo Sidnei Vaz que ainda me deixou usar seu novo e delicioso amplificador Fender Super Sonic com o modelo Bassman selecionado como canal limpo. A caixa é uma 2x12 da Marshall. Na abertura usei um Mojo Face, um Fuzz Face que montei dentro da mais pura concepção "mojística" imaginável e o resultado me agradou bastante! Isso apenas para demonstrar como a Wilshire é "fuzz friendly". Vou incluir também um vídeo feito pelo meu amigo Guilherme Ziggy! Pois no vídeo dele está até mais fácil de sacar a onda dela, além dele ter mandado bem mais na manha! ;)




Update info: Mais tarde pude adquirir uma versão da Epiphone Wilshire 66' Reissue com sistema de alavanca de vibrato Tremobar. Seguem fotos abaixo e também um video com a nova Wilshire e minha versão preferida do Interfax Harmonic Percolator:







http://www.epiphone.com/Products/Designer/1966-Worn-Wilshire.aspx

http://www.epiphone.com/Products/Designer/Wilshire-with-Tremotone.aspx

Loja de instrumentos Musicais Goldtop: http://www.goldtop.com.br/

Loja Stewart-MacDonald na WEB: http://www.stewmac.com/

Mais modelos e história, curiosidades, etc.: http://epiphonewiki.com/index.php/Wilshire




13 comentários:

  1. Muito bom, parabéns pela aquisição!
    É um modelo bem parecido com a Epiphone Coronet, que usa apenas um p90 dog ear na ponte, e é um modelo que pretendo tentar fazer uma réplica, ou algo próximo disso nos próximos meses. A propósito, chegou a experimentar um p90 na posição braço nessa guitarra?

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    1. Obrigado, e seja muito bem vindo! Realmente não cheguei a fazer esse tipo de teste por não possuir nenhum P-90 Dog Ear, mas penso que apesar de certamente soar bem, não tenho certeza que seria possível colocá-lo sem nenhuma alteração no corpo... A Coronet parece ser um modelo também interessante, o Phill X vive rendendo louvores a guitarras com apenas um captador, no caso dele um P-90, na ponte. Eu estou terminando um projeto de um protótipo da primeira Telecaster, apelidada de "SnakeHead", por conta do formato do headstock, e será minha primeira guitarra com apenas um captador! Estou entusiasmado! Abraços!

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    2. Você poderia tentar com um p90 soap bar, que, salvo engano, tem as mesmas dimensões de um mini humbucker.
      A Coronet que planejo construir não terá apenas um captador. Além do p90 na ponte, vou colocar um single no que seria a posição média, para conseguir cancelamento do ruído, e porque o som de um single do tipo strato na posição média muito me agrada. Farei testes com dummy coil também, mas mesmo assim, colocarei os dois pups.
      E boa sorte com a Snake Head, quero vê-la aqui em breve!
      Abraços

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    3. Então, o P-90 em dimensões é igual ao conjunto miniHB + moldura "específica para usar a cavidade de P-90". São até as molduras mais comuns de se encontrar. Na Wilshire, apesar de serem também de plástico, elas tem a função parecida com as de metal da Firebird, pois são feitas para guitarras com cavidade apenas do tamanho do MiniHB, tendo 4 parafusos, um em cada vértice, como as molduras de humbuckers comuns. Não sei se consegui explicar com clareza...

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    4. Entendi sim, e eu mesmo, depois de ter comentado, fui pesquisar as dimensões dos captadores em questão, e vi sobre essas molduras, que são exatamente para poder instalar mini humbuckers em guitarras originalmente com p90's. Mesmo assim, considerando que essa guitarra possui escudo sobre o captador da ponte, não seria algo a se tentar futuramente, com um luthier?
      Abraços

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    5. Antes que eu esqueça, já tentou ligar as bobinas do humbucker em paralelo? Fiz isso em minha tele, e me agrada muito mais do que em série (exceto por perder aquele timbre característico de dois HBs "normais" na posição meio)

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    6. Eu pessoalmente não pretendo mexer mais na bichinha, pois encontrei algo que até então só existia dentro da minha cabeça em termos de timbre. Mas nada impede das pessoas tentarem isso. Mesmo assim precisará mexer na cavidade, pois é pequena, apenas o tamanho do captador com as abas para os parafusos de fixação e ajuste de altura. Se notar bem, mesmo onde o escudo cobre, há somente um encaixe, pois a fixação do captador ainda é feita pela moldura de plástico preto. Quanto à ligação das bobinas em paralelo, no meu caso particularmente não agradou, pois fica sem um certo "corpo" que gosto bastante!
      Fique sempre à vontade pra comentar e perguntar coisas, pois certamente só enriquece o conteúdo do blog! Grande abraço!

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  2. Olá Alex,
    Legal essa Wilshire. De início achei ela feia mas acho que com o tempo e o timbre bom, me acostumaria.
    O minihumb. parece que gera um timbre de single gordo mas sem ruído. Uma mordida diferente do P90 mas talvez até mais usável.
    Por falar nisso, lembro de ter lido no handmades de você tentar fixar o uso ao vivo de P90 numa LP, continua usando esse setup?
    Abraço,

    Marçal.

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    1. Seja bem vindo mais uma vez, meu caro! Eu nunca a achei feia, mas um tanto outsider...rs. Já a perseguia há bastante tempo, mas nunca me esforcei tanto assim, pra ser sincero. No final das contas a Wilshire me surpreendeu positivamente!
      Então, em relação aos P-90 na minha Gibson LP Tribute, realmente resolvi totalmente em termos de timbre, com um Lollar low wind no braço e um Malagoli que o Érico fez segundo o que pedi na ponte. Mas o ruidão está lá! Ainda não fui completamente feliz com o uso de dummy coil nela como tenho sido nas Strat, tanto em termos de supressão do "hum/buzzz" quanto obter o mínimo de comprometimento do timbre original. Vou continuar tentando, se conseguir sucesso, publicarei aqui com certeza. Grande abraço!

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  3. Fala Alex,
    Boas oportunidades de instrumentos quando aparece, tem que aproveitar sim.
    O que não entendi foi sobre o uso do maple, você usou pedaços para subir a altura do captador em relação as cordas, ou não é isso?
    Talvez já tenha visto mas segue link de uma Wilshire 1965 vintage, timbre sensacional, da Fretted Americana (descontado os amps diferentes):
    https://www.youtube.com/watch?v=gahO9IlwDEw
    Abraços,

    Marçal.

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    1. Opa, seja bem vindo novamente!
      Os pedaços de maple, na verdade foram usados, assim como nos humbuckers estilo PAF, como bases para as bobinas. Eles dão altura suficiente pro cabo passar e ser soldado na base de metal. São como espaçadores e ajudam a prender o conjunto sem ter que usar montes de parafina. Eles ficam entre as bobinas e a base de metal, dentro do captador. Vou ver se agrego um gráfico mostrando isso no meio do post, ok?
      Quanto o Phill X da FretedAmericana, ele é impossível, sabe tudo! E essa 65 com essa alavanca diferentona soa bem demais.
      Discute-se a possibilidade (e, se positivo, à partir de quando) de terem passado a usar Alnico 5 no lugar da barra de Alnico 2...
      Grande abraço e volte sempre!

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  4. Fala Alex,
    Entendi melhor a questão do maple no captador sim. Também não tinha prestado atenção na foto que já está no post, onde você já explica o uso do maple como espaçador. Foi mal.
    Sobre o Phill X, o cara é excelente, mesmo quando erra faz sonzeira. Queria errar igual ele aliás...
    E a Wilshire 65, puro rock&roll.
    Abraço.

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    1. Isso aí, meu caro Marça!!
      Na verdade depois de você falar eu é que dei uma modificada no texto e adicionei a figurinha, na verdade eu que agradeço!
      O Phill X me dá a impressão de se divertir mesmo sozinho...rs. Acho esse cara um show pronto!

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