terça-feira, 24 de novembro de 2015

Fuzzelagem - Episódio 3

Octave Up Fuzzes!!!

Dois momentos totalmente distintos que chamaram minha atenção para esse tipo específico de Fuzz: primeiro quando ouvi o Octavia usado pelo Hendrix em "Who Knows" no Band of Gypsys e depois quando ouvi a primeira faixa do álbum de estréia como artista solo do Adrian Belew (Lone Rhino) , chamada "Big Electric Cat" centrada numa guitarra fretless enfiada num FoxxToneMachine sobressaindo o tal "velcro sound"!. De lá pra cá, tudo o que encontrei do tipo fui agarrando e não soltando mais! Desde fabricar alguns clones de clássicos quanto comprar cópias baratas e alguma coisa original.

Da esquerda para a direita: Octavio com transformador, Octavio sem transformador, Giannini SuperFuzz, Rocktron Purple Haze, BigEffects FoxxToneMachine clone, Danelectro french Toast, Homemade Prescription Electronics  Experience clone e no meio um clone do Scrambler da Ampeg, 


Curiosamente o primeiro pedal de Octave Up Fuzz que tive foi um construído por mim mesmo a partir de um kit (da empresa FILCRES) e com projeto do grande Cláudio César Dias Baptista publicado numa revista popular de eletrônica da época, Nova Eletrônica, lá pelo final da década de 70. Chamava-se "Dobrador de Oitava". Na verdade já não o tenho há tempos, até porque ele foi montado para o guitarrista da minha primeira banda. Eu mesmo não havia começado a tocar guitarra. E para ele que só sabia fazer meia dúzia de acordes cheios, de nada servia, mais parecia um triturador de acordes, sobrando apenas uma confusão com jeitão de Ring Modulator. Mas deu uma certa melancolia chegar até aqui e não ter um "espécime" desse "Dobrador de Oitava". Quem sabe mais pra frente ainda monto um mesmo antes de postar todos os Octave Up Fuzz que conheço?


Algumas regras são comuns quando se usa um Octave Up Fuzz e se pretende exagerar o efeito de "oitava acima". Uma delas é usar o captador mais próximo ao braço ou baixar bastante o controle de TONE da guitarra. Além de se usar a escala do décimo segundo traste pra cima. Há certos fuzzes que precisarão de algum tipo de ajuste interno ou externo para que a oitava soe mais nítida, outros não.

Bem, vamos ao primeiro da lista!


GIANNINI SUPER FUZZ



Esse foi o primeiro Octave Up Fuzz que eu tive e que fiz uso real (e ainda faço!) dele. Este pedal foi um presente muito precioso de um bom amigo, um verdadeiro gentleman e ótimo guitarrista Aloísio Campello. Tinha muito pouca coisa pra consertar e logo o coloquei em combate. O pedal é uma cópia descarada e de boa qualidade do original homônimo da marca Univox. Até o layout da placa de componentes foi copiado! Os nomes dos controles também foram mantidos: BALANCE, que é o volume de saída e EXPANDER, que é um controle de "drive, compressão e sujeira" do Fuzz. Com a idade alguns ajustes feitos por intermédio de Trimpots (que são resistores ajustáveis, assim como os potenciômetros, porém com uma função mais do tipo: ajuste até obter o melhor resultado e deixe assim!) podem ser perdidos. Assim, se for o caso, como era o desse pedal, faz-se necessário um novo ajuste interno. Nada complicado, tocando a guitarra no captador do braço e nas notas altas, vai se fazendo poucos movimentos e bem precisos no Trimpot até se chegar a um ponto "ótimo" do aparecimento da oitava acima. 

Por outro lado a GIANNINI a meu ver saiu-se bem com duas pequenas, porém estratégicas, diferenças em relação ao pedal original da UNIVOX: há uma chave tipo H-H no pedal original chamada TONE que controla uma mudança total na equalização final do timbre e que na versão brazuca foi substituída por um prático  footswitch!  Numa posição a chave deixa o timbre com mais médios e menos rascante. Na outra posição é o contrário e algo como o tal "velcro sound" aparece! No vídeo abaixo a mudança acontece em 3:12. A outra diferença é que os pedais da GIANNINI dessa época já apresentavam entrada para fonte externa (a não ser os que tinham fonte interna e eram ligados direto na tomada de AC). É importante todavia lembrar que a ligação é de polaridade invertida em relação ao padrão BOSS!!!

Com esses controles, mais os controles da guitarra e o jeito de tocar, as técnicas usadas, a dinâmica, tudo afeta de maneira bem interessante o SUPER FUZZ e com pequenos intervalos entre duas notas se consegue aqueles timbres com cara de Ring Modulator. No vídeo abaixo, feito há muito tempo atrás, pode-se ter  alguma ideia do que é o som do bichinho!


No próximo veremos o FOXX TONE MACHINE e suas variadas encarnações!

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Efeitos usados com o Electric Sitar Trans ao longo dos anos... 2ª Parte

E eis que a Electro Harmonix lança o pedal Ravish Sitar!!!



Confesso que custei a crer quando vi o video clip comédia que o Mike Mathew usou pra fazer o lançamento desse pedal. Em parte por causa da bizarrice do clip, mas também por conta dele parecer conter o que eu tanto almejava: Sitar-in-a-Box!!!



Como já sou velho de guerra, bem, a gente sabe que nada é como e anuncia, porém esse produto prometia... Os antecessores eram sempre fiascos alucinados. Tipo o Danelectro Sitar Swami (o qual vinha com um slide de vidro???), na verdade uma mistura de distorção meio fuzz e um flanger psicodelicamente ajustado. A ideia que a maioria desses aparelhinhos me passam é que as pessoas que os criaram não tinham o menor contato com um Sitar de verdade ou mesmo um Electric Sitar, mesmo que apenas escutando num CD ou num show em DVD. Lembro ainda do Maharishi Freakshow Effects. Era baseado nos circuitos de Octave Up analógicos, tipo Octavia, que dá pra fazer uns truques de lembrar o som do sitar. Possivelmente era similar a um circuito de um pedal DIY bem conhecido por usar o nome da ponte de sitar: Jawari! Só que o Maharishi ainda tinha uma chave de Good Karma para Bad Karma!!! Também lembro de um pedal digital da Digitech chamado The Weapon, em que um dos sons disponíveis era uma modelação magrela do Electric Sitar, mas era até então o mais próximo do original que me lembre.



O negócio é que o Ravish Sitar da EHX adiciona duas possibilidades sonoras, além de permitir controlar o volume do som original da guitarra: 1) cria um timbre sintético que, somado ao de uma guitarra comum, nos ajuda a obter o que eu chamaria de "caricatura estereotipada" de um Electric Sitar; e 2) ele também oferece algo que eu procurava e que passei a considerar bem precioso para o meu Sitrar Elétrico Trans: uma simulação das cordas simpáticas que também podem ser usadas como DRONEs, dependendo de como ajustá-las. É um recurso interessantíssimo, pois é criado através de escalas pre-configuradas no próprio aparelho ou especialmente criadas pelo músico para cada preset. Isso afora as possibilidades de sintetização que podem ir bem além de apenas simular o Electric Sitar. Isso bem mostrado pelo excelente Bill Ruppert:



Fechando a postagem nada melhor que um pequeno clip com a Dano já transformada em Sitar Elétrico (aliás acabei de trocar o cordal da bichinha, o primeiro acabou de se desmantelar, literalmente! Comprei outro muito parecido de uma empresa chamada Deval... Vamos ver!). Como estou acostumado a usar cordas 0.010 em todas as minhas guitarras (menos na Lap Steel, na qual uso 0.012 ou 0.013) estas também são as cordas que uso na Dano Trans!. É um clip rápido com uma parte de um tema de um Bhajan gravado pelo grupo Luz da Ásia no CD Amistad. Da primeira vez que é tocado tem apenas o reforço de um booster e a ambientação de um reverber. Da segunda vez já é adicionado o Ravish Sitar, com a escala da música já programada no preset escolhido. Está da maneira que costumo usar na Dano Trans, bem discretamente, apenas criando mais movimento em volta do timbre dela para compor o timbre final:



Para quem se interessa por aprender um pouco sobre as escalas utilizadas na música indiana e tiver iPhone ou iPad há um App muito simples e direto chamado Swarasthana!